domingo, 10 de março de 2013

50 tons do quê?

Como um livro novela mexicana invadiu a cabeça das mulheres e virou febre mundial?

Talvez eu esteja atrasadinha, mas a pedido de uma amiga e como o apelo ainda é muito grande, resolvi contar um pouco como conheci Christian Grey e Anastacia e o que achei da trilogia. 

Primeiramente tenho a dizer que a E.L. James é um gênio. Embora a linguagem traduzida para o português seja bem pobrezinha, não faltou apelação, não mesmo. Podem discordar, mas (de)escrever como seria o homem perfeito, na figura de Christian Grey, é defini-la como uma oportunista, pois ela conseguiu chegar ao âmago feminino.

Conheci o Christian por meio de uma amiga, ainda morava na Alemanha quando comprei a trilogia que me faria gemer de amores. Veja bem, de amores. Um homem lindo, poderoso, rico, que pilota aeronaves, barcos, fala outros idiomas e toca piano. Quer mais? Ele é o próprio "pica da galáxias"! Traduzindo para os dias atuais, ele só pode mesmo ser de mentirinha. 

Porém, a ficção virou realidade para muitas mulheres. Para se ter uma ideia, só no Brasil foram mais de 300 mil exemplares vendidos desde seu lançamento. No mundo, mais de 40 milhões de cópias. E, como se não bastasse o sucesso dos livros, os direitos foram vendidos para a Universal por cinco milhões de dólares, ou seja, em breve teremos os 50 tons na telona!

Apresentacao do filme "50 tons de cinza"

Bom, mas vamos lá. Já sabemos que o livro é uma febre, mas a pergunta que fica no ar é: "Por quê?". Na minha humilde opinião, não se trata somente de um livro sobre sadomasoquismo, mas sim, da busca pelo controle. Hein? Vou explicar: as mulheres sonham com relacionamentos perfeitos, homens perfeitos. O fato é que por mais que tenham o melhor homem da vida, sempre vão querer mudá-lo em algum aspecto. Talvez não consigam modificar a altura dele, mas vão tentar camuflar de alguma forma. 

E é isso que a Anastasia Steele consegue com o Christian: mudá-lo. Ele, um indivíduo psicologicamente afetado por um passado de dor e medo e se mostra um homem misterioso, porém, com características dóceis. Na verdade, um cara do "naipe" dele jamais se apaixonaria por uma magrela, branquela feia e, pra completar, pobretona como ela. Mas isso aconteceu na ficção.  

Outra coisa que está acontecendo é que o livro está popular entre as mulheres de meia idade,  virou uma espécie de "pornô para mamães", porque o conteúdo erótico é apelativo e lembra bastante aqueles contos de Samantha e companhia, que podem ser comprados nas bancas de jornais e revistarias. 


Uma das minhas descobertas envolvendo as mulheres acima de quarenta é que no Brasil, na década de 60, foi criada uma marca estilo Avon, chamava Christian Gray. Ela ainda existe e vende roupas femininas. Não sei se era a intenção da E.L.James (acredito que não), mas isso pode ter complementado a aceitação do livro por parte das brasileiras de meia idade, que ligaram o nome do personagem à marca quando recebiam alguma indicação para a leitura.

Após essas conclusões, só podemos concordar com a genialidade da E.L.James. Ela sabe fazer pessoas comuns se apaixonarem por personagens que nunca existirão! 

E.L.James criou o homem perfeito

Em termos de mudanças comportamentais, babem: segundo uma pesquisa feita pelo site YouPorn, um YouTube só de vídeos pornôs, mostra que após o lançamento da trilogia, as buscas por conteúdo sadomasoquista aumentaram 67%. Apesar de eu achar que o apelo sexual morreu, porque a autora conseguiu matá-lo ao final do primeiro livro, aparece uma pesquisa como essa que me faz rever algumas ideias.

Por falar nesse assunto de matar o apelo sexual, eu realmente acho que o que tornou o livro uma babaquice foi perder isso, esse enredo. No final, acabou os dois personagens fazendo o vago "Vanilla sex", como o Christian Grey chamava o sexo sem sadomasoquismo no livro, e ficou por isso mesmo. Ai a novela mexicana se desenrolou facilmente, todos amavam a Anastacia Steele e queriam ficar com ela. Perseguições, fatalidades e mais um pouco de tudo isso definiram três livros.

Eu gostei ler a série, eu li tudo, o que muitas mulheres não fizeram, porque depois do primeiro, a ideia é de que os outros dois livros são desnecessários. Inclusive, tive muitas amigas que me diziam: "Você leu todos? Me conta? Não tenho mais paciência de ler". A autora matou o livro dois e três, mas comeu um pedaço da torta no mercado por causa da curiosidade feminina, que foi o que moveu muitas mulheres a consumirem a trilogia inteira sem ao menos saber do que se tratava o primeiro livro. 

O boca a boca funcionou muito bem neste caso e E.L.James virou um ídolo, um ícone, mas passou, assim como sempre passa. Ontem mesmo já ouvi falar que tem outro best seller nas paradas, um tal de "Garota Exemplar", com quatro milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, somente este ano!

Para quem tiver interesse no tema de sadomasoquismo, nunca li outros livros, mas dizem que o “Hotel Íris”, de Yoko Ogawa é muito bom, conta a história de um amor sadomasoquista entre um velho e uma garota de 17 anos. Se alguém leu, comenta pra gente saber se é bom! ;)

E para quem quer ler histórias quentes online, achei um blog bem erótico: Sadomasoquismo o livro proibido. Devo avisar que o conteúdo é proibido para menores de 18 anos, ok?


Então é isso. Quem ainda não leu os "50 tons de cinza", leia, tenha sua opinião, comente e para quem leu, se não conseguiu chegar ao segundo e terceiro, me pergunte que eu conto!

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